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Entrevista sobre os desafios pós pandemia, investimentos e perspectivas da indústria de embalagens

Juliana Gonçalves, Diretora de Operações da Gráfica Gonçalves, fala sobre os desafios do setor gráfico no pós-pandemia, os investimentos feitos pela empresa de olho na retomada e as perspectivas para a indústria de embalagens no Brasil e no mercado internacional. Confira:

  • Como a Gráfica Gonçalves sentiu os impactos da pandemia do novo coronavírus? Houve impacto nos negócios?

Aqui na Gonçalves, temos um portfólio de clientes bastante diversos, como o setor de Higiene Pessoal, Farmacêutico e Cosmético, o que está garantindo os nossos resultados. Apesar do varejo ter sofrido um recuo de modo geral, alguns mercados se mantiveram aquecidos e até cresceram, como o de produtos farmacêuticos, por exemplo. Junto com nossos parceiros e colaboradores, temos atravessado essa fase da melhor forma possível, considerando investimentos, já de olho na retomada.

  • Quais medidas a Gonçalves adotou para ajustar a produção da empresa nesse período de pandemia?

A dinâmica interna mudou completamente. Adotamos medidas sanitárias e de prevenção, como o uso obrigatório de máscaras – mesmo antes do governo exigir isso, álcool em gel em todas as instalações, medição de temperatura na entrada da empresa e mudanças no layout dos vestiários e do restaurante – agora as pessoas não se servem sozinhas, mas sim são servidas por funcionários. Também afastamos pessoas do grupo de risco e muita gente está trabalhando em home office.

Uma coisa importante, foi a mudança no horário de trabalho na produção da gráfica. Para reduzir o número de pessoas dentro da empresa e nos fretados, adotamos a jornada de 12 x 36, formando quatro grupos (antes eram dois). Essa medida também nos garantiu que se houvesse algum tipo de contaminação em uma equipe, teríamos outras para manter a produção em andamento.

  • A Economia já dá sinais de recuperação, mesmo que ainda de forma tímida. Quais oportunidades a Gráfica Gonçalves enxerga para o setor de embalagens no mundo pós-pandemia?

Sempre digo que não temos trabalhado para a pandemia, mas para o pós-pandemia. Em nenhum momento lamentamos o que está acontecendo. Nosso olhar está na retomada e temos adotado uma política de nos preparar para ela.

Aqui cabe destacar os investimentos que fizemos neste período, já de olho no reaquecimento do mercado. Seguimos trabalhando com muita cautela e cuidado, mas pensando no que nossos clientes vão buscar e o que vão querer quando retomarem suas produções.

O mercado de cosméticos, por exemplo, foi bastante afetado pela pandemia, mas agora está voltando com força, já pensando nas campanhas de venda para o ano que vem.

Prevendo esse movimento, investimos na troca de alguns equipamentos e na aquisição de máquinas que irão melhorar nossa produtividade. Estamos ainda pensando em inovação, buscando um produto diferenciado para as empresas aqui no Brasil.

  • A Gráfica Gonçalves tem uma unidade no México. Como estão os negócios do ponto de vista internacional? É possível fazer um paralelo entre o que vocês vivem aqui e o que está acontecendo lá fora?

O México é um país muito parecido com o Brasil tanto nos aspectos positivos como negativos. A pandemia também está afetando o México, mas a única grande diferença é que lá eles foram muito afetados pela desvalorização cambial, por possuírem muitas matérias primas importadas.

Porém, as coisas também estão acontecendo por lá e já estamos retomando. No mercado internacional, o México é um país que tem muito potencial para crescimento, mais até do que o Brasil. O Brasil, no ramo de embalagens, é um país com mercado mais consolidado. O México, até por ter os EUA tão perto, apresenta um potencial de crescimento muito grande.

  • É possível fazer um comparativo entre o desempenho do mercado brasileiro e do internacional? Quais aprendizados podemos tirar dessa comparação?

O Brasil, apesar de ser um mercado muito grande, ainda tem o que crescer em matéria de acabamentos de embalagens, que estão aquém do mercado internacional. Você acha embalagens muito mais sofisticadas fora do Brasil.

Mas é importante deixar claro que não se trata de falta de soluções.  Tem coisa bacana por aqui, mas esbarra na questão do custo. O nosso cliente acha a embalagem muito bonita, mas na hora da escolha, opta por soluções mais baratas.

Isso nos dá o desafio de buscar sempre alternativas atraentes, mas que também tenham uma boa relação custo-benefício. O Brasil, em geral, não aceita um incremento de preço, mesmo que você ofereça uma qualidade superior. Ou melhor, a aceitação ainda acontece de uma forma muito tímida.

Então, para a indústria gráfica, acaba sendo um desafio investir em uma solução sofisticada, pois sabemos que o retorno pode ser um pouco demorado. Mas não é por isso que nós deixamos de fazer. Estamos sempre pensando em soluções inovadoras em acabamentos, pensando exatamente nesse potencial, de que há espaço para coisas diferenciadas.

Apostamos que isso será um atrativo no pós-pandemia. Agora, por exemplo, o mercado de cosméticos, que é o setor que mais investe em acabamento de embalagens, está retomando com força de vendas, com apetite de crescimento, de querer apresentar algo diferenciado para o consumidor. 

  • Em vários setores da economia, a pandemia acelerou a digitalização das empresas e a adoção de tecnologias 4.0. Como tem sido esse movimento de inovação na Gonçalves?

Temos feito um trabalho contínuo de desenvolvimento, de inovação. Há pouco tempo, mudamos a gestão da empresa, trouxemos profissionais novos e experientes, e o trabalho tem sido muito focado em redução de custos, melhoria de produtividade e, principalmente, inovação. Essa tem sido a pauta de todas as reuniões aqui dentro. Como eu falei anteriormente, o mercado de embalagens não aceita muito incremento de preços, então o trabalho que temos que fazer é interno: como produzir mais, melhor e com custo competitivo. É isso que temos buscado: um trabalho de empresa 4.0, de inovação, de melhorias, de máquinas mais produtivas, sempre de olho no futuro.